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O preço da cidade sustentável

 

 

Neste artigo, o especialista Sabetai Calderoni ensina que o lixo pode ser transformado de problema em solução para a comunidade.

 

Um prefeito me fez essa pergunta, em tom de desafio, durante uma palestra. Respondi que o que é caro, realmente, é manter uma cidade insustentável. A cidade sustentável sempre custa menos para implantar e, principalmente, para manter e gerenciar.

 

O prefeito quis exemplos práticos. A lista é longa, fui logo esclarecendo. Fica mais barato, para começar, porque é praticada a reciclagem do lixo em uma Central de Reciclagem de Resíduos. Já dá para reciclar mais de 90% dos resíduos. Na Holanda, chegou-se a 97% de reciclagem.

 

O que recomendo é o mecanismo da PPP – Parceria Público-Privada. Assim, os municípios não precisam fazer investimentos e não correm riscos ambientais, tecnológicos e econômicos. Além disso, com a PPP o município passa a economizar com o transporte de lixo e não precisará pagar para um Aterro receber o lixo.

 

Mas, quais Produtos a Central de Reciclagem pode oferecer ao Município? A partir do lixo domiciliar, é possível fazer a compostagem da fração orgânica (restos de alimentos), que são mais de 60% do total. O resultado será um fertilizante para pomares, gramados de parques e jardins, reflorestamento.

 

Outros 30% do resíduo domiciliar é representado por plásticos, papeis, vidro, lata de alumínio e lata de aço, e dá para vender esses materiais diretamente para as indústrias ou para sucateiros.

 

A maior parte dos 10% restantes, principalmente lixo de banheiro, serve para fazer energia elétrica através de gaseificadores e motores. O gaseificador também recebe parte dos resíduos vindos da reciclagem do entulho da construção civil, especialmente colchões, sofás e tapetes.Com o entulho é possível produzir tijolos para combater o déficit habitacional, guias, sarjetas e manilhas para o plano de saneamento, lajotas para calçadas, postes, pontos de ônibus e substrato para o plano de pavimentação.

 

Além da reciclagem, é preciso implantar a filosofia da descentralização e adotar soluções modulares, de pequena escala. Muitos municípios não conseguem garantir água boa todo dia. Mas, aproveitando a água da chuva, e reutilizando a água, o problema fica menor. Não se está aproveitando a água subterrânea, pois muitos poços estão desativados. Os dessalinizadores evitam a água salobra a custo mais baixo que o dos carros-pipa.

 

Também sai muito mais barato ter mini estações de tratamento de esgoto e mini estações de tratamento de água. Além do mais, seriam evitados os vazamentos que geram perdas de mais da metade do que é transportado. Abordaremos outros exemplos numa próxima vez. Mas, como começar? Os municípios devem elaborar Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano, Planos Municipais de Gestão de Resíduos e de Saneamento, exigidos por lei. O coroamento de todos os Planos é o Plano de Cidade Sustentável, o qual interliga e integra todos os demais.

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